Iniciadas em meados
de 2013, as manifestações estão presentes até os dias atuais e dão forma a
diversos tipos de conflitos. Seja através dos manifestantes contra o Estado,
contra a mídia ou na dificuldade no acompanhamento dos atos por parte dos
profissionais do jornalismo.
O caso mais recente,
que tomou conta de boa parte dos canais de comunicação, foi a manifestação do
último dia 6, no Rio de Janeiro, que resultou na morte do cinegrafista da Band,
Santiago Andrade.
O acontecimento se
tornou mais uma das agressões contra jornalistas desde o inicio dos protestos e
caracteriza a revolta que há contra os veículos midiáticos, logo contra os
profissionais que os representam.
O papel da imprensa é
visto de maneira desgastada pela população, que aparentemente a enxerga com os
mesmos princípios que o Estado, no ponto de vista político, econômico e social.
A mídia, a princípio,
seria o meio que os diversos pensamentos existentes na sociedade seriam
representados. Porém, isso não acontece efetivamente.
As empresas
comunicacionais têm interesses no bom andamento da economia, isso faz com que
muitas delas tenham uma visão voltada ao capitalismo e no fortalecimento do
status quo.
No campo de guerra,
que se tornaram as ruas, os jornalistas sofrem fisicamente com o peso da forte
crítica contra as grandes empresas midiáticas.
Ao ser apresentado
pelos canais de comunicação, o caso do Andrade tomou um rumo desenfreado. Cada
veículo usava as ferramentas que tinha para tornar o acontecido digno do gosto
popular, emotivo. Mesmo que isso não gerasse uma reflexão sobre o atual momento
vivido pela onda de manifestações.
Entretanto, o que
acontece é a tentativa de criminalizar os movimentos sociais, afinal eles
abalam as estruturas da ordem, e colocam em xeque os ideais dos setores
dominantes.
O Plano de Lei,
conhecido como lei antiterrorismo, piora ainda mais a ausência da democracia na
informação. Com ele, nem o questionamento e reivindicação popular será
aceitável, em detrimento do direito de ir e vir.
De um lado existe a
sociedade que não compreende a importância da liberdade de expressão e usa da
violência para punir jornalistas que representam determinadas linhas
editoriais. De outro o Estado, que usa da criação de leis para tentar
domesticar a população e tornar os protestos populares em atos terroristas.
E no meio do
confronto há o déficit da qualidade da informação da tida grande mídia, que
defende interesses e espetacularizam a violência, colocando em risco seus
próprios funcionários.
Seria necessária a
reestruturação do posicionamento da imprensa com relação ao Estado e a criação
de mecanismos que garantam a segurança dos profissionais da comunicação, para
que exista a participação popular no debate da opinião pública. Quanto maior
for a linha que divide a população das decisões políticas, maior será a chance
de não ter um equilíbrio de pensamento e entendimento, e é o que ocorre
atualmente. E se não houver, cabe aos que não se encaixam as determinações,
futuramente ser nomeado terrorista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário