terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Lei antiterrorismo, um declínio na democratização da informação


Iniciadas em meados de 2013, as manifestações estão presentes até os dias atuais e dão forma a diversos tipos de conflitos. Seja através dos manifestantes contra o Estado, contra a mídia ou na dificuldade no acompanhamento dos atos por parte dos profissionais do jornalismo.
O caso mais recente, que tomou conta de boa parte dos canais de comunicação, foi a manifestação do último dia 6, no Rio de Janeiro, que resultou na morte do cinegrafista da Band, Santiago Andrade.
O acontecimento se tornou mais uma das agressões contra jornalistas desde o inicio dos protestos e caracteriza a revolta que há contra os veículos midiáticos, logo contra os profissionais que os representam.
O papel da imprensa é visto de maneira desgastada pela população, que aparentemente a enxerga com os mesmos princípios que o Estado, no ponto de vista político, econômico e social.
A mídia, a princípio, seria o meio que os diversos pensamentos existentes na sociedade seriam representados. Porém, isso não acontece efetivamente.
As empresas comunicacionais têm interesses no bom andamento da economia, isso faz com que muitas delas tenham uma visão voltada ao capitalismo e no fortalecimento do status quo.
No campo de guerra, que se tornaram as ruas, os jornalistas sofrem fisicamente com o peso da forte crítica contra as grandes empresas midiáticas.
Ao ser apresentado pelos canais de comunicação, o caso do Andrade tomou um rumo desenfreado. Cada veículo usava as ferramentas que tinha para tornar o acontecido digno do gosto popular, emotivo. Mesmo que isso não gerasse uma reflexão sobre o atual momento vivido pela onda de manifestações.
Entretanto, o que acontece é a tentativa de criminalizar os movimentos sociais, afinal eles abalam as estruturas da ordem, e colocam em xeque os ideais dos setores dominantes.
O Plano de Lei, conhecido como lei antiterrorismo, piora ainda mais a ausência da democracia na informação. Com ele, nem o questionamento e reivindicação popular será aceitável, em detrimento do direito de ir e vir.
De um lado existe a sociedade que não compreende a importância da liberdade de expressão e usa da violência para punir jornalistas que representam determinadas linhas editoriais. De outro o Estado, que usa da criação de leis para tentar domesticar a população e tornar os protestos populares em atos terroristas.
E no meio do confronto há o déficit da qualidade da informação da tida grande mídia, que defende interesses e espetacularizam a violência, colocando em risco seus próprios funcionários.
Seria necessária a reestruturação do posicionamento da imprensa com relação ao Estado e a criação de mecanismos que garantam a segurança dos profissionais da comunicação, para que exista a participação popular no debate da opinião pública. Quanto maior for a linha que divide a população das decisões políticas, maior será a chance de não ter um equilíbrio de pensamento e entendimento, e é o que ocorre atualmente. E se não houver, cabe aos que não se encaixam as determinações, futuramente ser nomeado terrorista.

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